quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Quando se trata de amor, há duas pessoas em mim: o que fode sem pensar e o que pensa sem foder.

Dou por mim a temer represálias. A temer que qualquer fruto do meu engenho seja uma passa digerida e usada como húmus para fertilizar a ignorância minha. A temer que a minha realidade e o meu ser sejam calvos e humilhados, que sejam desonrados perante mim e a meus pés prostrados numa vergonha antinomianista que me veda de mim próprio.
Dou por mim a fechar hermeticamente a minha vontade e o meu à vontade num turbilhão de ideias que me não pertencem e que me não tempera.
Destempero-me com a facilidade de uma chave num trinco. Mas a chave não cabe e a porta é uma miragem. Por isto, só por subterfúgios me engano a ser feliz numa ilusão da qual só advêm mais felizes mentiras, idem idem...
É facil compreender esta lógica, mas difícil de repreender a razão por racionar a minha liberdade neste mesmo ordálio que me pertence como um ornato de nervos e carne a corroer-me a alma e a romper-me os ossos. Porquê? Dever-se-ia agora questionar...
Já desejo pelo frio toque do vento nas costelas para me esquecer que o calor existe nos corpos que me não tocaram e me não tomaram nos seus braços.
Dou por mim a temer represálias nos tropismos da minha alma orientados à solidão e à fornicação.
A promiscuidade passou de um hábito para uma necessidade e já não sei o que é correcto.
Já não sei se a embriaguez me leva ao sexo, se o sexo me leva à embriaguez. Ou ainda se nenhum leva ao outro e simplesmente pertencem ao mesmo coval, ou será covo?
Deverei eu esperar por um unico amor que me prenderá num único axis ou deverei eu entregar-me a amantes que me complementarão como um lótus de mil pétalas, belo e habitante do lodo?

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