terça-feira, 12 de novembro de 2013

Eu com 10-11 anos

Serpente que serpenteias sempre sacudida para o sapato. Sai senão vou servir-te salmoirada com salsa em sevilha.

Rey 2

Todo este tempo, foste uma ilusão. É verdade, não és real. Não tens vida e não tens conquistas. A tua existência é uma amalgama de drogas, sem elas não sabes ser. Para ti é mais fácil a vaidade, és incapaz de ver a tua feiura, a tua sensualidade está na facilidade e não na fatalidade. Tenho pena que sejas de tal modo vazia que nem consigas estabelecer uma ordem nem uma desordem.
Eu sei que é mais fácil ser uma merda como tu, querida, não tens mais nada na vida. Que seria de ti sem papá? É isso mesmo.
Só és alguma coisa porque até isso te foi dado.
A tua fraqueza não é maldição, é defeito.
Eu vi o que o futuro te aguarda, há tanto tempo. Por isso é melhor eu distanciar-me.
Aguarda, o teu fim está próximo.

domingo, 10 de novembro de 2013

Simplesmente

Não sou de um povo agrário.
Não sou de um povo nómada.
Sou de um povo consumista.
Sou um nascido capitalista.
 
Não me culpem por cultivar a mente,
Por vaguear pelas terras.
Quero devorar o meu mundo.
Quero aumentar o meu lucro.
 
Levo para comigo uma vivência,
Expansão esta, perfumada.
De transgressões
E de ebulições.
 
Não consigo me preocupar,
Tenho preguiça de ajudar,
Quero simplesmente passar
Pelo bafo de vida que sobrar.
 
Não me apontem, vós os dedos.
De que importa?
Sou eu alguém dotado à mudança?
Não procuro vos satisfazer...
 
Nem tampouco procuro eu,
Vos transparecer
Ou sequer prevalecer.
Bafemos simplesmente juntos este dia...

Supérfluo

Uma névoa de obsidiana memória sobe,
Sobre mim me encoberta
E humilha o Sol.
Faz descer a minha noite,
Noite aquela em que medito.
 
Medito o que já foi,
O que é e
O que, enfim, poderá ser.
 
Por entre a anamnese
Agarro-me tenazmente
A um sonho perdido,
Desertado nas confusões dos ciclos.
 
Não é de agrado,
Mas também não é fel.
Só um pouco amargo,
O que, enfim, não antes foi.
 
Penso nas probabilidades,
Construo fantasias,
Recolho explicações,
Por fim empurro para o vazio.
 
Procuro no espaço
Amorfo da minha espiral
O porquê do "o quê".
O que, enfim, de nada é relevante.
 
Projeto metanóias
Com fogos de astucia
Ou mortes desenvencilhadas,
Esqueço-me da vida feliz.
 
Concentro-me em mudanças,
Me não deixo em comodismos,
Mas depois vejo
O que, enfim, é de sumário.
 
Aquela lembrança pegada
É tudo quem sou
E pouco do mundo.
Logo Sou Eu.
 
Para quê me achar,
Se nunca me perdi?
E se me perdi,
É o que, enfim, interessa.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Sem circo não há palhaçada e carrocel sem cavalos é para estúpidos

Deste-me tudo o que havia para me dares, é esse o problema. Se não és capaz de me encher de espanto e de me cativar em teus enlaces estrategicamente colocados, não te aproximes. Se nada sabes sobre amar a pele e preencher a paixão de vazio ardoroso, nem me toques. Nada vale a minha liberdade e nada compra o meu valor nos teus lençóis.
Sou um país, não sou uma colónia. Podes conquistar-me mas jamais terás a minha cultura. Não podes tomar para teu o que nem meu alguma vez foi, este coração pertence a nada tal como nada lhe pertence.
Se não tens luz, não lutes com as minhas trevas e nem me atentes com o teu calor. Conheço as promessas e conheço os cânticos de lascivia. A deusa luxúria se revelou a mim, nada tens de novo.
Se pensas que tamanho complementa o vazio de habilidade devo lembrar-te que os magros de cabeça são feios e os gordos de orgulho são nojentos.
oooh oooh
aaah aaah
Eu sou demais, para ti não dá.

Abstrair um pouco.

Descender no inconsciente.
Não sei se será o suficiente.
Entrar no vazio do sonhar.
Escorregar no suave deslumbrar.
 
Passar para lá da realidade.
Não sei se será verdade.
Enfrentar o ascoroso.
Encontrar o desejoso.
 
Nas brumas da memória.
Não sei se será história.
Totalmente em lado nenhum.
Absolutamente anestesiado pelo rum.
 
Boa Noite e infeliz dia para uma feliz vida.

Abaddon avec Lillith

Faz-me cego e deixa-me respirar os fumos do louro. Dá-me lítio e oxida-me a alma. Enche-me desse fogo astucioso. Quero ouvir o chamado dos Velhos Deuses que morrem no minério e vivem nas nossas cinzas. Quero saber os conhecimentos do reino da morte e conseguir a jóia de Lúcifer, perdida nos atavismos do nosso ser. Quero entrar na candência do corpo cansado e da mente exaltada. Anseio pelo sopro da Serpente e anseio ser invadido pela semente dos caídos.
Quero transgredir o meu barro, recolher do funcho a dádiva de Prometeu e depois descer às colinas ocas dos sith, beber de Urd e esquecer-me. 
Penso humilhar-me em frente à inevitabilidade do fim para começar o que ainda não existe, cumprir o meu wyrd.
Desfaço-me do sal do meu corpo alquímico e bebo do meu sangue-doce. Chamo a minha queda e chamo pelo númen da minha miséria.
Olho para o olho do ciclope e degulo Abel, ele não pode vencer. Sacrifico a cabra e caso o corvo com a lebre.

Quando se trata de amor, há duas pessoas em mim: o que fode sem pensar e o que pensa sem foder.

Dou por mim a temer represálias. A temer que qualquer fruto do meu engenho seja uma passa digerida e usada como húmus para fertilizar a ignorância minha. A temer que a minha realidade e o meu ser sejam calvos e humilhados, que sejam desonrados perante mim e a meus pés prostrados numa vergonha antinomianista que me veda de mim próprio.
Dou por mim a fechar hermeticamente a minha vontade e o meu à vontade num turbilhão de ideias que me não pertencem e que me não tempera.
Destempero-me com a facilidade de uma chave num trinco. Mas a chave não cabe e a porta é uma miragem. Por isto, só por subterfúgios me engano a ser feliz numa ilusão da qual só advêm mais felizes mentiras, idem idem...
É facil compreender esta lógica, mas difícil de repreender a razão por racionar a minha liberdade neste mesmo ordálio que me pertence como um ornato de nervos e carne a corroer-me a alma e a romper-me os ossos. Porquê? Dever-se-ia agora questionar...
Já desejo pelo frio toque do vento nas costelas para me esquecer que o calor existe nos corpos que me não tocaram e me não tomaram nos seus braços.
Dou por mim a temer represálias nos tropismos da minha alma orientados à solidão e à fornicação.
A promiscuidade passou de um hábito para uma necessidade e já não sei o que é correcto.
Já não sei se a embriaguez me leva ao sexo, se o sexo me leva à embriaguez. Ou ainda se nenhum leva ao outro e simplesmente pertencem ao mesmo coval, ou será covo?
Deverei eu esperar por um unico amor que me prenderá num único axis ou deverei eu entregar-me a amantes que me complementarão como um lótus de mil pétalas, belo e habitante do lodo?