terça-feira, 3 de abril de 2012

Primavera

Verde luxuria.
Espasmos de vida.
Rasgos de alegria por entre fria estação.
Chovosos dias.
Por entre a cor de cheiro forte.
Explodem pontos de doce.
No ar a transbordar o mel,
O doce mel das flores.
Sopros correm por entre cabelos.
Cantos canoros, pilri-pilri.
Voos alucinantes, rasteiros e histéricos.
Cocofonia aviária.
Risos e galanteios.
Almíscar apimentado,
Desejos e discórdias.
Fantasias privativamente óbvias.
Tudo nasce para morrer,
Mas tudo nasceu e está a viver.
O demais não é suficiente.
Esta estação de exageros.

Ao menos faço o meu caminho

Deixamo-nos passear erroneamente
Por essas ruas vazias e frias.
Deixamo-nos vaguear sem norte
Por memórias e sonhos inalcansáveis.

Tropeçamos mas nem vacilamos.
Choramos com o prazer.
Alimentando-nos com o dia-a-dia,
Rotina imutável.

Seguimos o que achamos ser aceite
Sem nunca nos aceitarmos,
Sem conhecer nossa própria essência.
Só o que é, existe.

Em conformidade com o todo,
Nos deixamos nesse grilhão de ignorância.
Tendo como opinião o que ouvimos falar
Sem nos lembrar de procurar.

Porque se sempre assim foi,
Porque deixaria de o ser?
Se assim é bom,
Para quê mudar?

Temos de alcançar as trevas para atingir luz.
Temos de sofrer para conhecer a felicidade.
Nada vejo mas muita dor sinto,
E tu?